sexta-feira, 15 de abril de 2011

Polêmica com adesivos de Padre Cícero

Desde que foi debatida a inserção de adesivos com a imagem do Padre Cícero nos táxis, em processo de padronização, no município de Juazeiro do Norte, alguns taxistas se recusam a utilizar a imagem do fundador da cidade. E a discussão não fica apenas no sentido religioso. Os táxis, principalmente do Aeroporto Regional do Cariri, estão sem incluir o adesivo completo, nos veículos brancos com detalhes alaranjados nas portas dos carros. Alguns motoristas alegam que o motivo é que clientes chegavam à cidade e se negavam a entrar nos veículos com a imagem do sacerdote.

Por esta razão, alguns motoristas decidiram usar, em grande parte, mas de forma discreta. Outros por razões religiosas. A questão já virou alvo de comentários na cidade e até uma assembleia será marcada pelo Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), para decidir de que forma os motoristas querem ou não o uso da logomarca.

Mas os que estão sem os adesivos identificando os veículos de aluguel na cidade, o secretário de Segurança de Juazeiro do Norte, Cláudio Luz, afirma que estes estão descumprindo as normas de regulamentação. Isto até que seja tomada a decisão de como será o uso das identificações, que inclui o número do posto e da inscrição do táxi. "Vamos acalmar os ânimos e essa polêmica em torno do assunto para dialogar sobre a situação", diz.

No Aeroporto de Juazeiro o caso é mais notório. De 21 veículos inseridos no posto local, apenas quatro estão usando a imagem nas portas. Isso é o que admite o motorista de táxi há 27 anos atuando no aeroporto, Joaquim Calixto de Matos. Ele afirma que chegou a discutir com um cliente que faltou com respeito em relação a imagem usada no seu veículo. "Disse que não estava sendo pago para ter aborrecimentos, com alguém que insistia em desrespeitar a minha crença", disse. Para evitar mais aborrecimentos, o motorista decidiu então retirar a imagem em destaque da porta do seu veículo e usá-la de forma discreta na traseira. Ele diz que quer deixar bem claro que o problema não está associado ao Padre Cícero, mas às pessoas que não aceitam.

Identificação
Já para o taxista Gilvan Anacleto, é uma alegria poder levar em sua porta a imagem do expoente da sua terra de nascimento. "Sempre que viajo, as pessoas identificam de onde é o táxi, e fico feliz de ter em minha cidade um símbolo tão conhecido", diz ele, que destaca a importância das pessoas avaliarem o Padre Cícero como o símbolo de uma cidade. Na sua opinião, o sacerdote está na cultura do povo nordestino e é uma grande homenagem em relação ao ano do centenário de Juazeiro.

"Estamos tendo a oportunidade de organização e uma identidade para a categoria", afirma, ao destacar o Padre Cícero como um dos maiores símbolos do Brasil, deixando os veículos até mais bonitos.

Clairton Matos Leite diz que o seu motivo é religioso. Não em relação a si próprio, que tem uma pequena imagem dentro do carro, mas os clientes. "Houve gente que se recusou a entrar no meu veículo", disse.

Ele afirma que outro motorista do aeroporto decidiu tirar o adesivo, por ser ateu. Afirmou que esta não é uma questão relacionada aos evangélicos, mas têm católicos mesmo que não gostam. "Tanto um como outro diziam piada comigo", ressaltou Joaquim Calixto, e acrescenta que se foi obrigatório até usa, mas, para ele, será uma forma de "ditadura" que irá contrariar a sua vontade.

O problema chamou a atenção do técnico de obras, Lucas oliveira, que está se instalando na cidade de Salgueiro. Ele veio de São Paulo e disse achar uma bobagem as pessoas se prenderem a isso, pois vê o Padre Cícero como uma identificação importante para a cidade, independente de crenças.

Carro-chefe
Para o vendedor Gilson da Silva, isso não se justifica. "Sou de acordo que usem a imagem. É o carro-chefe da cidade", frisa. No Posto Vitória, na Praça Padre Cícero, no Centro da cidade, o taxista José Carlos dos Santos afirma não estar entendendo esse debate, que para ele é uma discussão vazia. "O símbolo do Padre Cícero não pesa em nada. Isso tudo que estão dizendo não tem sentido", afirma. São cerca de 280 táxis em Juazeiro, pelo menos 250 deles cadastrados. A regulamentação na cidade prevê a padronização dos veículos. Os não padronizados estão passíveis de apreensão, conforme o secretário Cláudio Luz. Todos os táxis, em cinco anos, deverão ser de cor branca e com as logomarcas. A implantação dos taxímetros nos veículos de aluguel da cidade, que deveriam ser até o dia 3 de abril, foi prorrogada por mais 30 dias. Cerca de 60 veículos já circulam na cidade com os taxímetros.

Os testes do Inmetro para implantação dos taxímetros continuam sendo realizados em Juazeiro. Uma equipe foi treinada na cidade para realização desse serviço na cidade. Todo o trabalho, segundo Cláudio Luz, tem sido no sentido de proporcionar uma maior organização dos serviços para a população. "Quando pensamos no símbolo do Padre Cícero nos veículos, foi também no sentido simbólico", enfatiza. Por solicitação dos próprios taxistas, segundo ele, será retomada a discussão.

Símbolo
Para José Carlos dos Santos, as pessoas devem entender a necessidade e fortalecer mais ainda esse símbolo para a cidade. "É algo que a grande maioria das cidades não têm. Temos a oportunidade de ter valores culturais e religiosos, que o Padre Cícero iniciou nessa cidade. A economia e muito do que conquistamos é graças a esse símbolo", destaca. No ano do centenário, a utilização da figura do fundador da cidade é mais uma homenagem.

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